A estagnação das políticas públicas no setor dos resíduos sólidos provocou o aumento da quantidade de lixo enviado para locais inadequados em 2017. A volta dos lixões não gera apenas mais impactos ambientais e à saúde da população, mas também faz com que o Brasil desperdice oportunidades econômicas com a cadeia de reciclagem.
Dados da Abrelpe – Assosciação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – mostra que nos últimos cinco anos foram destinados cerca de 45 milhões de toneladas de materiais recicláveis para lixões, o que pode movimentar mais de R$ 3 bilhões por ano.
Entre 2016 e 2017, a quantidade de resíduos enviada para lixões aumento 3%, de acordo com o mais recente Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil. Dados coletados em 2018 com 1.816 pessoas em todas as regiões revelam que 98% enxergam a reciclagem como algo importante. Por outro lado, 75% responderam que não separam seus resíduos no dia a dia
O paralelo com a crise hídrica de 2014 e 2015, que afetou o Sudeste, mostra como a questão do lixo ainda não impactou o hábito das pessoas. A geração de lixo por pessoa no país cresceu 0,48% de 2016 para 2017.
Segundo os cálculos do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), feito a partir da dados e exemplos internacionais, o Brasil acumulou uma espécie de dívida, no valor de R$ 730 bilhões. Essa quantia deve ser gasta para remediar a poluição gerada pelos lixões na última década. A conta considera apenas os custos para remoção do lixo enviado para locais inadequados, a descontaminação desse solo e o envio dos resíduos para um aterro sanitário adequado. Danos à saúde, os impactos sociais e econômicos não entraram na conta.
De acordo com o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (Islu), 61,6% dos municípios brasileiros não têm fonte de arrecadação para o setor, mas entre as cidades que têm algum tipo de taxa ou tarifa para coleta e destinação do lixo, 70% dispõem os resíduos sólidos de forma adequada.